segunda-feira, 21 de abril de 2008

O saco de não ter um saco

Não sou feminista. Nem machista. Eu queria mesmo é que fossemos todos do mesmo sexo. Nada mais desse papo de que mulher é isso, é aquilo, é sensível, é materna e blá blá bla. Nem de que homem não chora e outras babaquices que existem por aí. Mas, o que eu queria mesmo é que todos, homens e mulheres, ou sei lá como se chamaria essa espécie do mesmo sexo, pudessem ter a capacidade de reproduzir sozinhos. Assim, acabaria a necessidade de casamentos, de brigas pela guarda dos filhos, etc. Só ficariam juntos aqueles que realmente se amam, e não os que tem a obrigação social de educar um filho.

Muitas vezes eu brinco que queria ser homem, para não ter que menstruar, nem precisar fazer xixi sentada. Sei lá, eu queria ter um saco!!! Por que, às vezes, enche o saco (imaginário) essa briga entre os sexos. Percebo que se estou de mau-humor, logo já vem alguém e diz: está na TPM. Porra, TPM o caralho. To de saco cheio, só isso!!! Acho injusto o jeito como o mundo trata as mulheres, principalmente em países do oriente. Apesar que a imagem que o ocidente projeta atualmente das mulheres é que temos que ser todas putas para que a felicidade enfim chegue até nós.

Posso estar viajando demais, mas se fossemos todos do mesmo sexo acho que diminuiriam as injustiças mundiais. A sexualidade não seria mais tabu, e quem sabe até deixariam de existir os desumanos estupros. Ops....acho que acabei de deixar claro que até teríamos que deixar também de ser humanos.

Bom, às vezes, no fundo, acho que só queria poder andar com os peitos de fora em um dia de calor, sem que eles fosse motivo de tesão ou, pior ainda, de chacota. E queria também poder ficar de mau-humor porque meu time perdeu, porque cocei muito o saco e fez ferida...sei lá....mas qualquer coisa que não ligasse minha vontade de ficar num canto pensando na vida com a idiota TPM.

domingo, 13 de abril de 2008

Cega por 90 minutos

Embora esse não seja o foco da instalação, foi assim que me senti durante visita ao Diálogo no Escuro, localizado no Shopping Galeria, em Campinas. Durante 90 minutos percorri cerca de 600 mts2 totalmente no escuro, com mais 5 pessoas e um guia, sendo que o último é cego.

Silvio, esse é o nome do guia, tem a minha idade, 28 anos, e perdeu a visão aos 17. Foi ele que me tranquilizou durante nosso passeio por uma floresta, cidade, barco, feira, bar, entre outras coisas que compõem a instalação e que não vou contar para não estragar o passeio de quem for lá.

O passeio começa com cada um recebendo uma bengala-guia e depois vamos para uma sala "corta-escuro", ou seja, um breu total, sem nenhum vestígio de luz. Nesse primeiro momento eu já queria sair correndo, enxergar onde estava, comecei a me sentir sufocada. Mas, foi a voz confiante de Silvio que me fez prosseguir nessa aventura no escuro, onde todos os sentidos são explorados...e a gente nem imagina o tanto de potencial que eles têm.

No final da caminhada, quando tomamos um café dialogando em um sofá (totalmente no escuro) eu já me sentia tranquila, confortável e segura. É estranho o que uma mudança brusca dos nossos sentidos pode causar.

O mais legal de tudo é que não saí de lá com qualquer sentimento de piedade, dó, nem pena. Saí sabendo que a vida pode ser aproveitada de diversas maneiras, e que é ridículo julgarmos como o outro deve se sentir por ter uma deficiência.

Em um mundo onde a aparência está em voga, onde meninas de 15 estão morrendo de anorexia e trocando uma viagem por um par de silicones, é valioso passar por uma experiência como essa e enxergar (de verdade) a beleza invisível.

Eu, que nasci com uma deficiência (paralisia facial) nunca perdi tempo sentindo pena de mim mesma, Sempre vivi tudo intensamente...e quem me conhece sabe que sou autêntica. Sendo assim, esse passeio só reforçou minha crença na beleza da alma, no poder da mente e, principalmente, que é possível ser feliz quebrando padrões rídiculos impostos pela sociedade.

Bom, para finalizar, só queria dizer que nem assim perdi o medo do escuro.